Britadeiras moleculares: nova alternativa erradica 100% das células cancerígenas

Uma nova abordagem contra o câncer mostrou-se promissora no primeiro momento, onde moléculas denominadas britadeiras moleculares se ligam às células cancerígenas e, em conjunto com a luz infravermelha, são capazes de matá-las ao romper suas membranas celulares.

 

Com pressa? Então aqui vai em poucas palavras:

  • Um novo estudo explorou uma abordagem promissora envolvendo moléculas e luz para combater o câncer.
  • A pesquisa focou em romper a membrana plasmática das células cancerígenas, usando moléculas específicas chamadas britadeiras moleculares.
  • Essas moléculas se associam à membrana plasmática das células cancerígenas.
  • A aplicação de luz infravermelha próxima induz uma ação movida por vibração (VDA), resultando em perturbações mecânicas na membrana, levando à sua destruição.
  • Nos testes in vitro, a VDA eliminou completamente as células de melanoma humano.
  • Em modelos de camundongos com melanoma, a eficácia da VDA foi de 50% na ausência de tumores.
  • Apesar de necessitar de mais estudos antes dos testes clínicos, a VDA representa uma potencial adição ao arsenal contra o câncer, com a vantagem de uma menor probabilidade de desenvolvimento de resistência pelas células.

 

Tem uns minutinhos a mais? Então leia a matéria completa:

 

Considerações iniciais

Com o passar dos anos, novos tratamentos para o câncer surgem na esperança de combatê-lo de forma eficaz. Se antes tínhamos principalmente a quimioterapia e a radioterapia, hoje temos outros tratamentos como imunoterapia, terapia-alvo e mais recentemente, a terapia CAR-T entrando em cena. E o resultado não podia ser mais esperançoso, uma rápida pesquisa no Google e você encontra uma espantosa evolução no combate ao câncer juntamente com o sucesso nas taxas de cura e sobrevida.

Agora, mais uma arma promissora para a oncologia envolvendo moléculas e luzes foi testada e se mostrou um sucesso nos testes iniciais, e é sobre isso que falaremos a partir de agora.

Antes de prosseguirmos, uma pequena nota: se quiser saber o básico de como funciona o câncer, temos uma aula só sobre isso.

 

Furando a bolha

As células são revestidas por uma camada que as separa do meio externo: a membrana plasmática. Rompê-la seria como furar um balão d’água (caso a célula não se regenerar).

Mostrar onde fica a membrana plasmática
A membrana plasmática envolve a célula e a separa do meio extracelular (o lado de fora da célula).

 

Ou seja, é simplesmente um dos principais componentes celulares, e essa ideia de rompê-la foi o que o novo estudo publicado na Nature Chemistry explorou: usando moléculas específicas, o estudo intitulado Molecular jackhammers eradicate cancer cells by vibronic-driven action explorou meios mecânicos de destruir as membranas celulares de células cancerígenas.

 

Como funciona

A técnica consiste em usar certas moléculas chamadas de britadeiras moleculares que se associam à membrana plasmática das células cancerígenas. Utilizando de luz infravermelha próxima, as britadeiras moleculares produzem um efeito chamado de ação movida por vibração (do inglês, vibronic-driven action (VDA)) na membrana celular, produzindo vibrações que resultam na perturbação mecânica da membrana, consequentemente, a destruindo.

A técnica de VDA se destaca tanto da terapia fotodinâmica quanto da terapia fototérmica. Sua influência mecânica na membrana celular não é anulada por inibidores de espécies reativas de oxigênio, e ela não induz morte térmica.

Mostra a técnica de VDA
Técnica de VDA, onde uma britadeira moleculare através da luz infravermelha próxima causa injúrias na membrana plasmática da célula alvo. Imagem adaptada do artigo Molecular jackhammers eradicate cancer cells by vibronic-driven action.

 

Resultados

Em testes in vitro, a VDA erradicou completamente as células de melanoma humano. Já em modelos de camundongos com melanoma, a VDA obteve eficácia de 50% na ausência de tumores. Mesmo que muitos estudos ainda precisam ser feitos até chegar nos testes clínicos, possivelmente temos mais uma arma no arsenal contra o câncer se tudo der certo, ainda mais considerando o fato de que é improvável que um célula desenvolva alguma resistência contra as injúrias sofridas pela VDA.

 

Fontes:

https://www.nature.com/articles/s41557-023-01383-y

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