Os elefantes asiáticos revelaram uma faceta surpreendente: eles também têm rituais de sepultamento para suas crias falecidas!
Os rituais de enterro de elefantes já haviam sido registrados na literatura africana. Contudo, graças a um novo estudo realizado no nordeste da Índia, temos agora o primeiro registro de um sepultamento feito por elefantes asiáticos realizado em uma posição específica e utilizando terra para cobrir os corpos.
Os rituais de enterro de elefantes: o que foi observado?
Durante os anos de 2022 e 2023, cientistas indianos registraram cinco casos de sepultamento de filhotes elefantes na região de Bengala, no nordeste do país. Esses rituais são extremamente raros na natureza e, em nenhum dos casos registrados, foi observado qualquer intervenção humana!
Aqui estão alguns detalhes fascinantes sobre esses rituais:
Transporte dos corpos
Os elefantes carregam os corpos de suas crias mortas por longas distâncias, procurando o local adequado para o sepultamento. Incrivelmente, também foi observado que os elefantes asiáticos procuram locais seguros e isolados para enterrar seus mortos, longe de animais carnívoros e seres humanos.
Comportamento compassivo
Os pesquisadores encontraram pegadas e rastros de esterco nas sepulturas, indicando que elefantes de todas as idades contribuíram para cada enterro. Isso demonstra um comportamento compassivo e prestativo entre os membros da manada.
Posição de sepultamento
Os corpos foram encontrados enterrados em canais de drenagem abertos por agricultores, com as patas para cima. Essa posição é a mais acessível para sustentar e colocar o corpo nas valas.
Afinal, por que apenas filhotes?
Diferentemente do que ocorre com os filhotes, os corpos dos elefantes mais velhos são deixados nos mesmos lugares onde eles morreram. Os pesquisadores atribuíram isso à inviabilidade de transportar e sepultar os corpos muito maiores e mais pesado dos adultos.
Expressão de agonia e dor
Após o enterro, os agricultores entrevistados relataram ter ouvido os elefantes bramindo, possivelmente para expressar agonia e dor e também para prestar homenagem aos animais mortos.
Respeito aos mortos
Curiosamente, através das observações de longo prazo, os pesquisadores também notaram que os elefantes asiáticos evitavam passar nos locais onde as carcaças foram enterradas.
Essas descobertas evidenciam que a complexidade emocional e os rituais de luto não são exclusividade dos seres humanos. Raman Sukumar, pesquisador do Instituto Indiano de Ciência, afirmou à revista National Geographic que estudos anteriores já haviam demonstrado que os elefantes asiáticos compartilham o luto em âmbito familiar. Tais observações sugerem que esses seres, assim como nós, também demonstram profundas conexões com seus entes queridos, mesmo em momentos de perda.
Mais estudos precisam ser feitos
Mesmo com essas evidências, não se faz ciência com apenas um único estudo, são necessárias mais análises que corroborem ou refutem o que foi encontrado. Chase LaDue, do Zoológico e Jardim Botânico de Oklahoma City por exemplo, afirma que não está convencido de que o posicionamento dos elefantes enterrados tenha sido intencional. “Eu poderia imaginar elefantes empurrando um filhote morto para uma vala estreita e, dada a forma estranha e a distribuição de peso, o filhote cairia de costas com os pés para cima”, diz ele.
LaDue também diz que “devemos ter cuidado na forma como interpretamos estes resultados, especialmente porque a vida mental e emocional dos elefantes ainda é em grande parte misteriosa para nós”.
